Apresentação


Com esta edição conjunta do V Colóquio de Pesquisadores em Educação Ambiental da Região Sul (V CPEASul) e do IV Encontro e Diálogos com a Educação Ambiental (IV EDEA), na cidade de Rio Grande/RS, pretendemos contribuir para a integração e desenvolvimento de diferentes saberes e práticas de pesquisadores que compõem a Educação Ambiental enquanto campo do conhecimento. Nesta edição do evento objetivamos congregar pesquisadores atuantes em instituições do Sul e de outras regiões do Brasil, bem como pesquisadores provenientes de países próximos às nossas fronteiras políticas meridionais, tais como o Uruguai, a Argentina e o Chile. O evento integrado V CPEASul / IV EDEA constitui-se na perspectiva de consolidarmos o campo da Educação Ambiental como mobilizador para a construção de uma sociedade justa e sustentável, por meio da proposição de integrar diferentes olhares e vozes que compõem o polifônico coro da educação ambiental na busca de estratégias para o enfrentamento da crise socioambiental contemporânea.


CONSTITUIÇÃO DE GRUPOS DE TRABALHO EM EDUCAÇÃO AMBIENTAL


A constituição de diferentes Grupos de Trabalho (GTs) visa a análise, a discussão e a proposição documentada acerca de problemáticas específicas da Educação Ambiental no Brasil e no mundo, a partir da constituição de espaços integradores de diferentes pesquisadores e pesquisadoras por área de interesse. Esta atividade será desenvolvida em torno de cinco eixos. São eles:
   
1) Fundamentos Filosóficos e Epistemológicos da EA.
O conceito de epistemologia aqui referido sugere que a Educação Ambiental é uma ciência e, como tal, deve ser investigada também sob o ponto de vista científico, ou seja, em seu processo de gênese, de formação e de organização. Isso inclui a preocupação com os seguintes elementos: a investigação e validação do seu desenvolvimento a partir de uma teoria geral do conhecimento (de natureza filosófica), ou seja, empirismo, racionalismo, etc.
Em última análise, a abordagem acerca dos fundamentos filosóficos e epistemológicos da EA consiste em estabelecer se o conhecimento produzido e/ou em processo de produção será reduzido a um puro registro, pelo sujeito, dos dados já anteriormente organizados independente dele com o mundo exterior, ou se o sujeito poderá intervir ativamente no conhecimento dos diferentes objetos de investigação da EA.


2) Problemáticas Emergentes em EA
As discussões em torno da EA têm sido ampliadas para novas questões e temáticas, tais como corpo, saúde, religião, redes sociais, energia e mobilidade urbana, relação cultura-natureza, relação humanos/não humanos, processos socioespaciais, dentre outros. Os mesmos envolvem a situação existencial de diversos grupos humanos, conflitos cartográficos, minorias étnicas ou raciais, grupos de interesse urbano, universo de práticas e representações. Na medida em que ocorrem processos que nos colocam em novas instâncias teórico-espistemológicas a partir da configuração de novos problemas, este  GT propõe refletir acerca do contexto atual e da possibilidade dos mais diversos diálogos entre a questão ambiental e as práticas educativas, destacando o caráter polifônico desta articulação, na configuração de novas perspectivas acadêmicas e de processos sociais, bem como formas de produção, transmissão  e distribuição de saberes.


3) Modelos de Desenvolvimento, Impactos Ambientais e Sociais e EA.
Este GT do CPEASUL busca debater os modelos de desenvolvimento incluindo o paradigma da sustentabilidade, enquanto modelo de planejamento alternativo ou ideologia mitologizada. O respectivo GT também procura refletir criticamente sobre os impactos ambientais e sociais gerados por estas escolhas de desenvolvimento, especialmente no capitalismo, com suas múltiplas dimensões e implicações socioambientais. Para enfim, propiciar um debate acerca da influência e importância da Educação Ambiental nos caminhos para atribuir ao paradigma do desenvolvimento ou seu mito, um tratamento adequado no que tange a compreensão da Educação Ambiental como um dos elos da transformação societária rumo à justiça social e ambiental.


4)A constituição de educadores e educadoras ambientais.
Como se constituem os educadores e educadoras ambientais?  Quais suas práticas e trajetórias? Quais suas visões de mundo? Este eixo propõe uma reflexão sobre a formação inicial e continuada de educadores e educadoras ambientais, abordando as questões políticas, éticas, históricas, entre outras, implicadas no processo. Serão considerados os múltiplos espaços e tempos, as culturas, as trajetórias e os saberes envolvidos nesse processo. Intenciona, ainda, discutir sobre o papel desses atores/autores como protagonistas de espaços educadores sustentáveis, no contexto da educação brasileira.


5)Movimentos Sociais e EA.
As relações sociais e a re-produção da sociedade estão perpassados por conflitos decorrentes da apropriação desigual por parte dos diferentes grupos e classes da riqueza produzida, dos territórios e dos espaços de "poder" sob/sobre uma determinada materialidade, na qual a natureza/meio ambiente é parte fundamental. Diríamos ainda que a própria percepção ou a compreensão destas relações e do que está no centro dos conflitos fazem parte do debate social, político, teórico e acadêmico. Sendo assim, neste eixo buscaremos aprofundar esta discussão visando socializar estudos, pesquisas, teorias bem como casos concretos sobre a relação dos movimentos sociais com a educação ambiental e vice-versa.